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Não estou muito habituado ao ritmo de postagens, ao ritmo "web" de ser, porém estou habituado a me aproximar cautelosamente das palavras sem que elas se firam e firam quem as ouve. Caso algém queime com as palavras ouvidas ou ditas nos textos postados, é porque tem um combustível que se liga ao desejo de mudança.

sábado, 9 de outubro de 2010

PEGADAS NO CORAÇÃO

Há um ano atrás tive um encontro jamais esquecido.
No leito de sua dor reprimida, vendo o resto de vida passar, esperando que seus medos se vençam, aguardando que suas forças acabem, encontrei-me com ele. Já sem força, já sem ânimo e com brilho nos olhos, tentou retirar o lençol amarelo que escondia os pijamas vermelhos, cor do amor, fez uma força tamanha para abrir os braços. Eu estava só, eu e ele, nesta ultima força perto de mim. Percebi o que quis dizer de braços abertos “me dá um abraço, ainda tenho forças pra dizer algumas coisas”, disse isso sem palavras só com olhar. Fui a seu encontro, tentou respirar novamente, senti em meus ombros a tortuosa força de quem ama, mesmo com poucas forças, ele não disse nada, mas com este abraço me fez relembrar toda nossa história juntos, me fez ver nitidamente cada segundo vivido com ele, me fez ficar sem fôlego com seu abraço de pouca força e muitas visões. As forças começaram a acabar, a respiração pedia que fosse renovada, ele então me solta de seus braços, como que soubesse que eu havia entendido suas “palavras transferidas”, e já nos ultimos milésimos de respiração sorrateira, diz” te amo viu”. Neste momento sabia que algo em mim havia mudado, sabia que precisava ter revivido aquilo, pois na semana seguinte eu não o veria mais, não o veria partir, não o veria se despedir dos demais. Ele se despediu de mim, assim, como quem não sabia ser culto, mas sabia ser sábio, não disse palavras, mas me fez reviver nossos momentos, não disse uma declaração, mas, tentou dizer “te amo”... retirou meu chão, me desvestiu da arrogância que em meu peito havia, me pôs à prova do amor.

Enfim, essa é a história da vida, sim, pois a vida não morre, ela pode não estar ao meu lado sempre, porque está sempre em meu coração, é como dizer sem rodeios “uma só carne”.

Eu vivi a maior declaração de amor que alguém possa viver, pois a maior declaração é essa, quando alguém se declara a você sem dizer uma palavra, e você entende, sem a capacidade e competência de retribuir...


"A saudade, é este sentimento que aperta o coração de uma maneira, que só a certeza das lembranças consegue soltar" ( Matheus)

Um comentário:

  1. Não tem ficar sem chorar.... sei que este último encontro foi com pai...que bom que vc pode viver este último momento com ele.... MAS É A SAUDADE QUE FICA!

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