Seja bem vindo...

Não estou muito habituado ao ritmo de postagens, ao ritmo "web" de ser, porém estou habituado a me aproximar cautelosamente das palavras sem que elas se firam e firam quem as ouve. Caso algém queime com as palavras ouvidas ou ditas nos textos postados, é porque tem um combustível que se liga ao desejo de mudança.

sábado, 26 de março de 2011

Sorte: maior ferramenta so ser frustrado

(...) Brigamos esta noite e brigamos pela sorte. Diziam que a sorte é o combustível da vida. Não sabia como contesta-los, mas sabia que eu estava certo ao dizer que a sorte não é tão benéfica como diziam. Cheguei em casa. Adormeci
Sonhei
Sonhei
Sonhei
Enfim despertei.

Percebi que havia sonhado com muito mais coisas do que me parecia. Mas das poucas coisas que eu havia lembrado era exactamente que eu havia encontrado um tesouro imenso, cheio de pedras preciosas e das mais valiosas possíveis. Percebi por um segundo que não me recordava da forma como isso foi parar a mim. Devia ser pura sorte. Segundos depois ainda na cama, pensei na possibilidade de que isso não seria nem poderia ser sorte, pois algo eu faria para encontrar isso. Talvez escavei um lugar e achei, talvez quebrei as paredes, talvez jogaram na porta da minha casa. E então entendi que caso tenha ocorrido de qualquer uma  dessas formas não havia sequer algo de sorte, pois em todas as possibilidades pensadas havia o "labor" o trabalho, o cançasso de algo ou alguém. Em qualquer método de se alcançar este tesouro precisa haver algo que o propicie.

Escavar o lugar certo pode ser sorte? Sim!, mas ter a capacidade de escavar não. Quebrar a parede certa é sorte? Sim!, mas conseguir ferramentas e quebrá-la não. Então nesta manhã percebi que nós seres mortais e humanos somos vitimas do nosso trabalho. Conquistamos as coisas ou não, achamos as coisas ou não, e sempre achamos que isso é a Sorte. Hoje venho trazer uma boa notícia. A cada dia mais se decreta a nós que não há sorte em ser o melhor, não há herói sem luta, não há tesouro sem batalha. E caso a sorte possa mesmo existir, eu não quero que ela valha para mim, pois em dois homens, o que tem "sorte" e conquista um tesouro e o que batalha e conquista um tesouro, certamente o segundo será sempre melhor pois este depois do cançasso do labor terá a possibilidade de descansar e se queixar que os pés doem pelo seu serviço mas irão passar com o descanso.O que tem sorte ,certamente, carregará para o resto da vida que "isso não é meu" e jamais se esquecerá que não fez nada para  tê-lo e outro até poderia ser merecedor...

"Assim somos, não enxergamos o trabalho do outro, e nos frustramos por perceber que a sorte nunca nos aparece"

Matheus

quinta-feira, 3 de março de 2011

O medo da Noite


"Certo dia me perguntaram se os lobos não têem medo da noite, pensei... E sem querer disse que "não", pois de uma forma ou de outra eles sabem que há um pastor que os  vigia, que nas noites quentes os refresca, que nos dias frios os aquece, que no assombro dos ventos os protege e sobretudo os alimenta quando as forças não são capazes de sozinhas encontrar alimento. Acho que os lobos não dormem com medo, até acho que de tão tranquilos contam carneirinhos ao dormir" (Matheus Henrique)

quarta-feira, 2 de março de 2011

OUVIR A ALMA

Ouvir o audível é responsabilidade de todo o ser humano. Porém ter a possibilidade de escutar o inaudível e fazer deste, uma ferramenta para aproximar-se da alma humana é responsabilidade da psicologia e sua sabedoria. Pode-se perceber que o sábio T’ai, precisou de tempo, treino, e, sobretudo dotar-se por uma atenção jamais vista.  As entrevistas psicológicas e a psicologia de forma geral precisam ouvir os sons que a alma anseia em dizer, para isso é necessário treino e dedicação.

O entrevistador a fim de saciar uma questão psicológica e psicopatologia precisa abster-se dos sons audíveis, ele precisa compreender que as pessoas não têm facilidade de falar de seus problemas e por isso é necessária uma outra forma de escuta, uma escuta mais acolhedora, mais atenta e, sobretudo mais detalhada. Cabe-nos reforçar que se encontram muitos métodos para encontrar processos prontos e direcionados de escuta, entrevistas diretivas e, sobretudo formas de mascarar o sofrimento do outro, porém a sabedoria da psicologia se interessa pela liberdade de falar de um sofrimento, ouvir um sofrimento, ouvir os sons da alma de maneira diferente.  Pode-se perceber que o sábio gastou um tempo de um ano para decifrar os sons da floresta e não conseguiu chegar ao objetivo, mas gastou somente alguns dias e noites para se atentar à verdadeira essência do som, isso nos é válido para compreender que o que importa não é o tempo gasto para desenvolver esta habilidade, mas sim a qualidade do método e da atenção dada a um sofrimento. É necessário ainda citar que qualquer sofrimento é o sofrimento do paciente, qualquer queixa por menor que seja, é o que faz o paciente se debruçar no sofrimento por isso ouvi-lo como se o seu “máximo” também fosse o meu “máximo”, assim conseguiremos aproximar da sabedoria do rei, que consegue escutar aquilo que as demais pessoas não ouvem, consegue ler a alma através de sua humildade e compreensão e sabedoria.

Ruben Alves psicanalista,  escritor e teólogo também nos faz pensar na possibilidade da escuta como forma de encontrar em nós um espaço de silêncios, um espaço que será preenchido pelo que escutamos. Ressalta a importância dada à escuta no mosteiro da Suíça onde passou por um tempo, e nos afirma que escutar é ter a capacidade de se esvaziar pelas miudezas que as idéias filosóficas nos enchem, ou seja, abrir mão das interferências dos métodos prontos de pensar. Podemos entender a função da psicologia em entrevistar ou da psicopatologia em organizar sintomas no momento em que se ouve o sofrimento. Rubem Alves assim como o sábio rei nos mostra uma forma de olhar para o outro como sendo único em sua queixa, sendo singular em seu problema e, sobretudo com a grandiosa importância de ampliar a nossa escuta para além daquilo que ouvimos. É compreender que no silêncio se ouve coisas, e estas estão dotadas de emoção e sentimento, mas para isso é necessário se esvaziar do mundo, se esvaziar das questões prontas e viver cada momento como sendo uma nova oportunidade, de escuta, de percepção.

A psicologia batalha para isso, a psicopatologia busca este entendimento, mesmo que para compreender esta essência seja preciso abrir mão dos métodos convencionais, e assim como diz Rubem Alves: “aí agente que não é cego abre os olhos” dando-nos a possibilidade de ver para além do que se mostra, e “abre os ouvidos”,  escutando  para além do que se  ouve.A psicologia está aí, lutando para enfatizar esta escuta, uma escuta que não requer muita cerimônia, uma escuta que não precisa de lugares faraônicos, uma escuta que em sua simplicidade consegue atingir toda a alma humana.

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana" (Carl Gustav Jung)

Matheus Henrique